Nunca em tempo algum me senti tão ligada aos outros.
É certo que esta pandemia foi muito competente a trocar-nos as voltas, obrigando-nos a diminuir drasticamente o contato com os outros. No entanto também nos ajudou a ver caminhos alternativos na forma como nos relacionarmos e criamos vínculos entre nós.
Somos seres sociais. Fomos feitos para nos conectarmos com os outros, para criarmos comunidades. Quer seja através de um abraço apertado, da preocupação genuína com o bem estar do outro, ou das memórias que criamos juntos.
Crescemos melhor quando estamos ligados, e ainda não sei se por sorte ou fortuna, mas esta pandemia pode ter-nos ajudado a construir ligações mais sustentáveis.
Acredito genuinamente que aquilo a que assistimos no meio de tanta ansiedade ou letargia foi o emergir de uma luz ao fundo do túnel; uma esperança na reconciliação com nós próprios e com esta ideia de comunidade.
Vimos bilhetes deixados à entrada dos prédios a oferecer ajuda a quem precisasse, o reconhecimento dos heróis dos nossos serviços de saúde através de merecidas homenagens, a angariação de fundos para ajudar hospitais e instituições, entre tantas outras iniciativas.
No entanto, será que estes meses de confinamento verdadeiramente mudaram os nossos comportamentos? Tornamo-nos melhores pessoas, pessoas boas? Quero confiar que sim. Que foi mais uma questão de oportunidade e que sempre fomos assim. Esta é a nossa essência boa.
À nossa maneira, acabamos todos por nos moldar a esta nova circunstância. Tenho pensado muito em como podemos capitalizar este ganho. De que forma podemos imprimir mudança na forma como vivemos os nossos dias e como nos conectamos com os outros e com o mundo.
Quem sabe ainda vamos concluir que afinal o que tínhamos como certeza não é assim tão fundamental e que afinal podemos desacelerar e abreviar caminho para sermos verdadeiramente felizes.