Sobre a alquimia das relações

No que à alquimia das relações interpessoais diz respeito, não há fórmula que nos garanta o seu sucesso. Há no entanto quem jure que o mesmo não é verdade para o seu contrário. Viver no limbo emocional de ter de agradar a todos quantos cruzam o nosso caminho tem tanto de desassossego como de epílogo sem direito a final feliz. Ter várias caras e nunca saber qual é efectivamente a nossa já que todas são um reflexo do que os outros esperam ver em nós.

Herdámos do nosso passado tribal esta tendência quase primitiva de precisarmos agradar aos outros. O medo de nos encontrarmos sozinhos, o receio de nos vermos negada a possibilidade de nos sentirmos parte de um grupo que garanta a nossa sobrevivência. Uma sobrevivência antes material e hoje quase sempre emocional. Comportamentos que quase sempre vemos como normais e que muitas vezes nos definem e tantas outras nos limitam.

Todos gostamos de ser gostados. Todos gostamos de ser apreciados, elogiados e amados e não há nada de errado aqui. O dilema começa quando permitimos que a nossa medida para o sucesso e felicidade seja moldada por opiniões alheias e tantas vezes anónimas. O problema surge quando escolhemos adaptar ao nosso acto principal a um palco que em essência não nos pertence.

Se te disserem que o segredo das relações interpessoais é adaptarmo-nos sempre às necessidades e contextos do outro, toma isto apenas como meia-verdade e guarda contigo a metade que te põe a ti em primeiro lugar. Só assim conseguimos ser honestos e inteiros, e ganhar tempo ao contra-relógio das expectativas que outros muitas vezes nos atiram sem antes perguntar.