Opinião

Os lápis de cor com 12 tons de pele da Giotto.

Dou aulas a crianças há mais de dez anos e adoro.

Como professora, decidi que uma das minhas guerras seria a cor de pele. Sempre que alguém se queixa que não tem cor de pele para pintar uma cara num desenho, eu entro logo em acção!

Afinal o que é a cor de pele? Não há uma cor de pele, há muitas! Muitos tons de maravilhosas e diferentes peles. Faço questão de ter esta conversa com todos os meus alunos de primeiro ciclo. A maioria dos miúdos percebe a mensagem e não volta a pedir a cor de pele. Mas há sempre excepções. Tive um miúdo que no dia seguinte a ter esta conversa, me disse: “Eu contei aos meus pais o que disseste ontem sobre os tons de pele e a minha mãe disse-me que estás errada. Há uma cor de pele, sim e é a nossa, a clarinha”.

Caramba, assim era difícil. A verdade é que só com a ajuda dos pais e familiares se conseguem derrubar preconceitos e eu não consigo entrar em casa dos alunos. Preciso que também lá estejam abertos à discussão e nem sempre estão. Fico contente se conseguir entrar nas cabeças dos miúdos de forma a mudar aos poucos as coisas, mas não faço milagres, embora gostasse.

Felizmente, para me ajudar na minha luta, a Giotto criou uns lápis de cor com 12 possibilidades de tons de pele e os miúdos adoram! A primeira coisa que fazia era pedir a cada um para ver qual era o seu tom e assim poderem confirmar a imensa variedade. Antes da pandemia aparecer, posso orgulhar-me de dizer que a maioria dos meus alunos já não pedia cores de pele, mas sim se podiam usar os tons de pele.

São pequenas batalhas numa guerra que já existe há demasiado tempo e que em nada orgulha uma sociedade que se quer justa e igualitária para todos sem excepção.

Autor

Tradutora por habilitação, professora por profissão, viajante e curiosa pelo mundo por opção.