Sobre uma Humanidade Humana

“A humanidade é masculina e o homem define a mulher não em si mas relativamente a ele.” Simone de Beauvoir

A história que conhecemos foi e é fortemente marcada pela ausência da perspectiva feminina. Interpretamos o mundo através de dados que, muitas vezes, representam apenas de um dos lados da história mas é fundamental não confundirmos o nosso ponto de vista com a verdade absoluta. Mais próximos estaremos da verdade quanto mais perspectivas consideramos como parte da sua equação.

Muitas vezes percepcionamos o homem como referência padrão de toda a humanidade. Ainda que possa ser um reflexo inconsciente, acaba por ser bastante representativo de como a nossa sociedade se foi organizando ao longo do tempo. Muitos são os exemplos do silêncio da perspectiva feminina na forma como  nos relacionamos e contribuímos para a ideia de uma sociedade pós-moderna.

No outro dia li um artigo que questionava o significado das teorias da evolução, na forma como concentram os fundamentos da nossa evolução como espécie em papéis que eram representadas em exclusividade por homens. O que é que isso significa para as mulheres? E o que é que isso pode significar para as mulheres que viram a sua evolução condicionada pela determinação de tarefas e responsabilidades? E quando enquadramos essa evolução num mundo que foi desenhado para ter o homem como padrão?

A nossa percepção do mundo é ainda assustadoramente masculina. As consequências de vivermos num mundo construído sem olhar à perspectiva feminina pode comprometer a nossa capacidade para sermos criativos perante novos problemas. Fazer-nos crescer entre fronteiras ideológicas erguidas nos alicerces das questões de género, e ainda limitar a riqueza das transformações que advém do nosso crescimento enquanto Humanidade. Uma Humanidade Humana.