Crónica

De volta a casa

Primeiro o silêncio
Um manto de água
Límpido, infinito

Um mergulho
Todo o lago desperta
Sê bem vindo

Há quanto tempo não te sentias em casa
O fato do escritório está cada vez mais apertado
E os dias iguais apertam-te no colarinho
Já não procuras que tudo faça sentido
Desde que mudaste de morada
E te desencontraste contigo
Sentes-te sozinho na multidão citadina
E aconchegado no rio só e interminável
A cidade parou, às sete do relógio de cuco
Por momentos, soubeste que não havia retorno
O Kundera espera-te na mesinha da poltrona
A porta do pomar deixa entrar a primeira aragem noturna
Deste-te as boas vindas
Bem vindo a casa
Bem vindo a ti

Autor

Gosta de tocar piano, ler e escrever. Nasceu na Sertã e mora actualmente em Gaia.