Opinião

Calhandrar por aí

Cresci em Oleiros, no interior de Portugal e sem mar.
Aprendi a nadar na ribeira.

Fui muito feliz nos Açudes de Oleiros que são muitos e lindíssimos.
O meu preferido era e é o da Lameira e mesmo acima dele ficava a mesa de pedra, onde muitos picnics em família e com os amigos aconteceram.

Sou aquela que mergulha sem medos em qualquer ribeira desde que haja água suficiente.

As pedras com lodo no chão, os alfaiates a nadar à tona, os peixinhos a beliscar a pele e até as calhandras que nadam ao nosso lado me colocam sorrisos nos lábios.

Nem a água fria me chateia porque entro de uma vez e de mergulho, coisa impossível de fazer no mar.

Adoro nadar, adoro boiar e se me querem ver feliz é levarem-me à praia fluvial de Álvaro e meterem-me dentro de água até ouvir os sinos da igreja a tocar. O som dos sinos reflectido na água é simplesmente maravilhoso. Passo o resto do ano a sonhar com isso.

Às vezes perguntam-me se não sentia falta do mar enquanto crescia e a verdade é que não.

Actualmente moro junto ao mar e adoro olhar para os dois azuis imensos que se confundem no olhar, pois não sabemos onde o azul do mar acaba e o do céu começa. Sim, é verdade.

E também é verdade que o som das ondas revoltas me transmite uma calma que não sei explicar, mas tomar banho no Verão é na minha ribeira!

Nadar com prazer é num açude onde a água é partilhada com toda a bicharada de água doce.

Só aí me sinto como peixe na água.

Autor

Tradutora por habilitação, professora por profissão, viajante e curiosa pelo mundo por opção.