Crónica

Sobre as Conversas em Flagrante

Esta semana aconteceu o primeiro episódio das Conversas em Flagrante e… senti coisas. Senti coisas que ainda não consigo traduzir em palavras, arrumar em gavetas e menos ainda associar a emoções possíveis de nomear. Se calhar fui só eu que senti, mas tenho a certeza que aconteceu magia. 

Com o primeiro directo senti colar-se à pele aquele nervoso miudinho de quem não sabe o que esperar mas quer muito fazer acontecer. Aquela sensação onde se misturam a gargalhada inocente de uma criança e a consciência de um adulto neurótico. Queríamos fazer bem, por tudo aquilo que fazer bem significa e acima de tudo pelo respeito pelo trabalho que a Resina tem feito. 

Tivemos tempo para nos preparar? Sim. Deixamos (quase) tudo para a última da hora? Talvez. Correu tudo bem? Correu como tinha de correr, com toda a espontaneidade e vulnerabilidade típicas desta coisa de sermos humanos. Por isso a resposta é sim. 

Desde o início que, independentemente do tema, queríamos que estas sessões pudessem ser uma conversa entre amigos numa qualquer mesa de café. Com ou sem copo de vinho, medronho e/ou calum, com ou sem biscoitos da mercearia e/ou uma fatia de queijo e/ou  maranho para acalmar a fome. Talvez por essa razão, tenhamos preparado apenas o essencial, avisar os amigos e guardar-lhes um lugar à mesa.

Para a primeira conversa-partilha, quisemos trazer para discussão a seguinte ideia: Pertence-se ao lugar onde se nasce, ou escolhe-se o lugar a que se pertence? E foi assim mesmo que demos o mote a este primeiro encontro, numa 4a feira que começou anónima mas depressa ficou gravada para sempre. 

Convidámos uma mão cheia de amigos e outros tantos se foram juntando à volta de uma mesa sem lugares marcados. Queríamos ter pessoas como nós, que que mesmo tendo caminhos com pontos de partida e chegada tão diferentes, se cruzam naquilo que é essencial.

Entretanto, dei por mim a pensar se poderíamos ter acrescentado uma terceira opção, aquela que conta a história dos lugares que nos escolhem, pelas pessoas que por lá estão ou pelas emoções que nos permitiram viver. Alguém comentava durante o directo que “pertencemos aos lugares onde temos memórias, memórias que nos marcam” e se calhar é mesmo essa a resposta, como dizia um outro alguém “das coisas melhores que podemos ter na vida é pertencer…”. 

Sim, queremos Concertos em Flagrante itinerários e directos da Resina nas festas populares. Parece que temos encontro marcado na festa das Corgas, do Estreito e que ainda vamos dar um salto ao Parente. O ponto de partida? Na Mercearia do Largo, claro! Quem diria que no final da primeira edição das Conversas em Flagrante teríamos um roteiro para o verão de 2021.

Um resumo da primeira edição das Conversas em Flagrante? Que pertença também é sinónimo de partilha. Foi bonito o que ali aconteceu. Vamos continuar a encontrar-nos por ali, com a frequência que a vida la fora nos permitir.

P.S.: Este artigo foi escrito por mim mas não me pertence. Muitas das experiências que aqui descrevo só foram possíveis por terem sido partilhadas com a Sónia – a minha parceira-inspiração, o Nuno – a nossa força motriz e outros tantos resineiros oficiais e oficiosos. Obrigada a todos.

Autor

Sonha em construir uma casa no Trisio. Acredita que sonhar não custa e por isso gosta de ter os pés um pouco levantados do chão.