Após o incêndio, muitos posts se escreveram sobre o acontecido.
De um modo geral, estamos todos revoltados porque em 2003 o nosso concelho ardeu todo e passados 17 anos voltou a acontecer o mesmo.
De facto é tudo muito triste e revoltante, começando com a MEO que me deixou sem conseguir falar com ninguém até à noite isto porque quando mais precisamos de ter notícias, é precisamente quando esta rede cai. E agora querem fazer novo contrato, imaginem só! Adiante.
Voltando à revolta que vi nos post por esse facebook fora, o que mais me surpreendeu foi a quem apontaram a sua raiva. Na sua maioria, ao governo que nos deixa isolados e que não quer saber de nós por fazermos parte de um “Enterior desquecido e ostracizado” como diria o Herman José no Herman SIC aqui há atrasado.
De facto assim é, somos um dos parentes pobres da família Portugal, não temos riqueza, estamos para aqui perdidos entre pinheiros e eucaliptos a sobreviver o melhor que conseguimos.
Agora a minha questão é, será que o nosso dedo devia apontar para o poder central em vez de o apontar para o poder local em primeiro lugar? E não seremos nós os grandes culpados desta triste sina ano após ano?
Passo a explicar.
Em 2003, quando tivemos a oportunidade de recomeçar do zero porque foi com isso que praticamente ficámos, houve uma obrigação de uma reflorestação consciente e ordenada? Houve um cuidado de optar por árvores autóctones? Alguém exigiu que o poder local fizesse alterações nesse sentido de modo a evitar outra desgraça?
E eu e tu? Pergunto se chegámos às nossas matas e limpámos aquilo que era nosso? Ontem, na reportagem da SIC um senhor dizia que tinha limpo todos os seus terrenos, mas que tinha sido o único por isso foi como se estivesse quieto e tem toda a razão.
É muito fácil culpar o governo, mas a culpa neste caso não será de cada um de nós? Por um lado por não exigir pulso firme ao poder local e por outro pelo desleixe que são as nossas florestas?
Não escrevi este texto para incriminar ninguém e longe de mim apontar dedos, mas não seria melhor olhar para o que cada um de nós pode fazer localmente em vez de acusar quem está longe e que de facto não entende a nossa angústia?
Ano após ano, um ciclo que tem de ter um fim.
