Geral

CouchSurfing

Um dos meus maiores prazeres na vida é viajar. Adoro conhecer outras culturas e formas de vida.

Nunca tive dinheiro suficiente para poder usufruir desse prazer como gostaria, por isso tive de arranjar formas de gastar o menos possível, mas não deixar de viajar. Foi com este objectivo que há muitos anos entrei numa plataforma para viajantes – o CouchSurfing. A ideia da plataforma era ceder um sofá ou um cantinho de casa, de modo que a pessoa não tivesse de pagar alojamento e pudesse ter as dicas de alguém que conhece a localidade por dentro.

Confesso que quando me inscrevi, a ideia era conseguir um sítio para ficar em Berlim (a viagem que planeava na altura) de borla e depois esquecer o assunto, mas gostei tanto da experiência que acabei por querer receber pessoas também. No entanto, estava convencida que ninguém iria parar pelas Caldas da Rainha… Tão enganadinha! Enfim!

Como vivia sozinha, os cuidados eram redobrados. Só aceitava raparigas ou casais e lia todos os comentários feitos anteriormente a cada um dos hóspedes antes de os aceitar. Só aceitava se a página fosse imaculada.

A primeira hóspede que tive foi uma australiana de 17 anos ou 18 anos, já não me lembro bem. Era a Danika. Andava a viajar pela Europa antes de começar a Universidade, disse-me que era muito comum fazerem isto lá por terras de coalas e cangurus. Há um ano que andava com um saco a viajar sozinha por aí. Uma miúda admirável e um grande prazer poder tê-la conhecido!

Entrei no CouchSurfing quando as Low Cost apareceram em grande e quase todos os meus hóspedes chegavam ao Porto e acabavam a viagem em Lisboa. Caldas da Rainha ficava a meio caminho e era paragem obrigatória por causa de Óbidos.

Recebi alemãs, polacos, mais australianas e mais uma palete de gente de todos os pontos do mundo! Amei toda essa experiência e acima de tudo adorei perceber as diferenças culturais existentes entre nós.

Lembro-me, por exemplo de duas polacas que andavam muito perdidas com os nossos horários, isto porque me perguntaram por que razão não tinham sido servidas no Porto uns dias atrás. Ora, as moças sentaram-se numa esplanada do Porto às 5 da tarde para jantar e admiraram-se que o senhor para além de não lhes servir o jantar, ainda lhes disse que ainda era hora de almoço!

Lá lhes expliquei que por cá, tudo acontece mais tarde e que de facto ninguém janta às 5! As moças, que queriam ter a experiência portuguesa a 100%, disseram-me que então queriam fazer tudo como nós fazíamos e assim foi. Levei-as a jantar às 21h, acabámos de jantar lá para a meia-noite e só fomos para a discoteca às 2 da matina. Confessaram-me ao outro dia que afinal não se iriam conseguir habituar aos nossos horários e nós éramos malucos!

Acabei por desistir do couchSurfing porque tinha demasiados pedidos para tão pouco tempo livre. Eu fazia questão de ir com as pessoas aos sítios que considerava bonitos, fazia questão que comessem nos sítios onde eu como normalmente e tentava livrá-las das armadilhas para turistas e isso leva tempo.

Não faço ideia se a plataforma ainda existe, mas era uma ideia genial!

Uma experiência que terminou, mas que deixou muito boas memórias no coração.

Autor

Tradutora por habilitação, professora por profissão, viajante e curiosa pelo mundo por opção.