Ouça esta crónica, narrada pela autora.
(Esta crónica rápida, foi um exercício de escrita propositada para não referir nomes, dos que não interessam, mas dada a contemporaneidade dos factos, estou certa de que sabem sobre quem escrevo)
Que o mundo é um lugar estranho e que janeiro é a segunda feira dos meses, não é novidade, mas mesmo partindo destas duas premissas, podemos avançar mais a fundo na bizarria dos termos:
Do outro lado do Atlântico, o tipo de quem o mundo pensava ter-se visto livre, voltou, eleito por vários milhões de pessoas, trouxe com ele vários outros tipos do mesmo tipo, mas um deles destaca-se como sendo um outro tipo que lança satélites para o espaço, que tem filhos cujos nomes são impronunciáveis e numéricos, não no sentido literal do termo, não é sobre quantidade de filhos a que me refiro, é mesmo à “qualidade dos números que dão nomes aos seus filhos”, que faz saudações nazis, que pretende que os automóveis passem a ser isso mesmo, que se auto-movam, que as redes sociais as suas e a do outro tipo que inventou o “F” azul, deixem de ter verificações de factos, numa liberalização total. Voltamos ao outro recém regressado, que mal chega e já vem reclamar territórios que não lhe pertencem, que pertencem a Estados soberanos, do referido primeiro mundo, vem renomear geografias e desata a “enviar” de volta milhões de pessoas, que em 48 horas desfez e destruiu administrativamente inúmeros direitos básicos, que o faz com o ponto e virgula e sob a égide: “-God´s blessings” (com a bênção de Deus). Que ironicamente foi a senhora “Bispa Episcopal_de Washington “ Mariann Budde que o enfrentou à cerca dos direitos que agora retira, que deixa as pessoas vulneráveis.
Que as Guerras na Europa e no Médio Oriente continuaram e não cessaram nas 24 horas imediatas à sua tomada de posse, que outros ditadores se juntaram rapidamente ao seu apoio, que se libertaram poucos reféns, serão sempre poucos a serem libertados, enquanto os houver. Que as ofensivas militares continuam a embrulhar filhos para entregar aos pais em sacos de plástico.
Que por cá, no burgo, um deputado parlamentar é acusado de furtar malas no aeroporto e depois vender o conteúdo das mesmas num site de roupa em segunda mão, que poderá não prescindir da imunidade parlamentar para responder às acusações, mas que seguirá como deputado independente, como se nada fosse. Se o Parlamento se torna um lugar seguro e apetecível para estes casos, é a indignidade absoluta, no lugar que é na sua génese o contrário de tudo isto e a casa da democracia. A cereja deste tema sobe ao topo do bolo quando o referido tipo tenta numa entrevista televisiva alegar que as imagens recolhidas pelas camaras de vídeo vigilância foram geradas através de inteligência artificial! Tanto manancial para os comediantes este mês, senhores!
Que em 2025 é, por cá ano de Eleições Autárquicas, mas segundo o calendário político, aqui do jardim à beira-mar plantado, parece que saltamos já para as Presidenciais, no próximo ano, tal o número de putativos candidatos que surgem mais abundantes que os cogumelos. Por falar em cogumelos, vou saltar para rotundas, (como assim?!) sim, porque há em Oeiras quem saiba bem que não se pode desperdiçar tempo aos eleitores e vai daí depois de restaurantes e preços de vinhos, começou a “rodar rotundas”, para elucidar os munícipes e eleitores com maior índice de escolaridade do país, (dizem) sobre estas importantes/imponentes obras que temos espalhadas pelo concelho. Neste caso a comédia acontece per si, não precisa de mais ninguém, basta que lhe deem plateia.
E assim vai o Mundo em geral e janeiro em particular, mas há mais, por cá uma apresentad(eira)ora de televisão, lançou uma bruma íntima, para refrescar e aromatizar, (nunca pensei escrever e tentar encontrar palavras para descrever uma situação como esta, não é sobre o órgão a minha dificuldade é mesmo sobre o tema), pasmem-se: vaginas! Deu-lhe o nome, o substantivo que é habitualmente utilizado para aligeirar e infantilizar o órgão sexual feminino, ah, e colocou-lhe um “Y” no final, certamente por razões de internacionalização da marca!
Assim vamos no mundo em janeiro, mas por cá, felizmente andamos contra-corrente e pelas mãos da Patricia Rijo, também aqui cronista, já saíram dois episódios do podcast No Tempo da Outra Senhora que vos aconselho vivamente a que não percam, porque são excecionais, estes dois episódios trazem voz a duas mulheres enormes, do nosso pinhal interior, que não se escondem atrás de chapéus de abas largas, e que nos contam como foi viver antes do 25 de abril. Ide escutar com atenção!
Que o mundo é e pode ser um lugar bizarro já sabemos, mas que nós podemos e devemos fazer escolhas esclarecidas e auto-conscientes também!