Raramente ouço rádio ou música quando faço viagens longas de carro, desde que experimentei ouvir podcasts que não quero outra coisa! Há-os para todos os gostos. Gosto de ouvir conversas, entrevistas e pessoas a falarem de coisas variadas que por alguma razão me interessam.
Comecei por ouvir assiduamente o “Precisamos de falar” da Antena 3, mas depende sempre dos temas que abordam e são apenas opiniões que podem ou não coincidir com as minhas, por isso fui à procura de mais.
A Ana Markl do primeiro podcast levou-me “À voz de cama” com ela e a Tânia Graça. As dúvidas dos outros podem muito bem ser as nossas e é sempre bom ouvir outras opiniões e formas de ver o mundo. A minha geração cresceu com uma série de macaquinhos na cabeça e há todo um novo mundo de termos e abordagens que uma moça da Geração X como eu não consegue acompanhar a não ser que procure aprender mais e estar aberta às coisas. É uma lufada de ar fresco na minha vida, sem dúvida.
Ainda no universo da Antena 3, o Hugo Van der Ding fez uma pérola em forma de podcast que ouvi religiosamente – “Vamos para a tua terra”. A premissa foi pegar na frase “Vai para a tua terra”, extremamente racista e que ainda hoje se ouve por esse Portugal, e usá-la de uma forma construtiva, convidando pessoas que por variadas razões vieram parar a Portugal. Como exemplos, temos refugiados políticos e pessoas que conheceram portugueses e vieram para cá parar por amor. Neste podcast elas podem contar a sua vida, como vieram cá parar e como foi a integração. É sempre interessante ouvir outros a falarem de nós, das dificuldades que encontram neste país à beira-mar plantado e como nós somos ou não acolhedores. Os países são tão variados como a Palestina, a Guiné-Bissau, o Nepal ou a China. É tão enriquecedor quanto interessante. Adorei cada episódio.
Há pouco tempo também comecei a ouvir o podcast do Ricardo Araújo Pereira e bem sei que neste momento vou perder uma parte dos leitores, pois estou consciente que ele já passou a ser pessoa non grata na minha bolha, mas olhem – paciência – eu adoro ouvir o podcast dele: “Coisa que não edifica nem destrói”. O título já começa bem, pois atualmente é difícil encontrar temas que consigam passar entre as gotas da chuva no que à polémica diz respeito e ele brinca com isso. A ideia é escolher um tema qualquer, ir à raiz do mesmo usando textos antigos ou a etimologia das coisas e só depois do tema contextualizado, vamos ouvir um convidado a também falar sobre o mesmo. Já ouvi o António Prata, colunista brasileiro a falar de malandros ou a cartunista e ilustradora Cristina Sampaio “cujos bonecos fazem dói-dói a pessoas sensíveis”. Aprendo muito e acrescenta-me sempre algo por isso sou fã.
Por último, e porque gosto de deixar o melhor para o fim, escolho o podcast de Martim de Sousa Tavares! Estava eu a fazer zapping na TV e deparei-me com um programa na RTP 2 que juntava Martim de Sousa Tavares e o Emanuel (sim o tal do Pimba Pimba). Neste programa eles despediram-se prometendo que iriam trabalhar juntos e a conversa fluiu de uma forma que só alguém muito despretensioso conseguia ter. Foi neste programa que ele falou no seu podcast “Encontro com a beleza”. Fiquei muito curiosa e lá fui ouvir.
Tive uma experiência engraçada ao ouvir o podcast pela primeira vez, pois de repente comecei a ouvir a voz de um amigo meu e pensei: “Que maluquice, o Martim de Sousa Tavares tem a voz igual à do Nelson! Basicamente foi a Patrícia a ser Patrícia, pois o podcast é do ”Observador” rádio onde esse meu amigo trabalha e a conversa acontece entre ambos! Enfim.
Este podcast é simplesmente maravilhoso! Martim escolhe alguém do universo clássico ou uma peça clássica e conta-nos a sua história. A forma como fala é de uma simplicidade tal que uma pessoa fica automaticamente colada. Zero pretensiosismos e com muito sentido de humor, eis a receita para todas a semanas ouvir um podcast de música clássica!
Destaco como exemplos, o delicioso episódio sobre João Barradas e o seu acordeão e o “Quarteto de cordas alla techno” que são de facto encontros fascinantes com a beleza.
Recomendo. Vivamente.