Depois de um primeiro trabalho de pesquisa onde fui ao arquivo repristinar algumas palavras de antanho e outras que se perpetuaram no tempo – um trabalho sempre inacabado – hoje partilho mais algumas palavras de algumas pesquisas e de singelas colaborações que me fizeram chegar.
Recordo que: “Como ainda há muita gente viva importa resgatar, e acrescentar, a quem nos quiser apoiar.”
Amieiras ou Arneiras: Terrenos de matos. Lugares desertos. Ermos.
Azinhais ou Azinheis: Lugar de antigas matas de azinho.
Arroçais: Inicialmente Arrochais:Caminho íngreme, onde para transitar, era necessária o ajuda de arrocho ou travão.
Beringueira: Sítio onde se encontram bagas; medronheiro, cerejeiras, etc…
Besteiros: Terra lavrada com o auxílio de animais. Terrenos matosos, propícios ao acoitamento de feras. Lugares com condições adequadas para o desenvolvimento de certas plantas herbáceas, conhecidas por Erva Besteira ou Loborinho.
Bouça: Terra desbravada. Terreno com boas condições para a cultura do linho.
Brazinas: Terra inicialmente atribuída aos servos e por isso sujeita a imposto braçal.
Brejo: Terreno improdutivo e coberto de mato.
Cascalheira: Lugar onde se acumulam os calhaus arrastados pelas águas.
Cavadinha: Pequena cavada. Terreno fundo e facilmente arável, onde as sementeiras podem ser feitas simplesmente à base de enxada.
Cavala: Terreno plano e em sítio alto. Lugar de criação ou domesticação de cavalos. Zona alta, donde é fácil vigiar. Atalaia.
Cór: Derivado de Corga ou Córrego. É um designativo muito frequente na nossa região e que normalmente nunca aparece só. Por exemplo: Córjaninho, Cór de Seco, Cor de Budle, Cor de Pau, etc.. São todos topónimos derivados da necessidade de identificar certos locais, partindo de uma tipicidade comum; os Córregos, e aliando-lhe uma nova característica. Característica fundamentada ou na flora, como seja: Pau e Budle. No clima: seco. Na facilidade com que aí atua a erosão pluviométrica: Algar. Ou ainda do nome do seu primeiro dono: Janinho.
Corga: Terreno enladeirado e com caminho. Caminho ingreme e apertado.
Córrego: Regato ou corda de água despenhado de um ponto alto.
Cunqueiros: Do latim, Cunco, que na sua evolução gramatical, originou caçoila, vaso, cuco, etc. Podemos inferir, que pode significar lugar ou residência de louceiro; lugar de cuco.
Curraldeira ou Corraldeira: Local onde usualmente se guarda ou apascenta o gado
Fernão Porco: Dada a riqueza cinegética da região, que nos tempos medievos da Fundação e reconquista e posterior repovoamento, era constituída principalmente por lobo e javali, permito-me inferir, que o nome da povoação adveio de uma ocorrência notável, durante o desenrolar de uma caçada, na qual, um nobre ou pessoa importante de nome Fernão ou Fernando, aí abateu um animal de grande corpulência ou ferocidade. É um nome nitidamente medieval e confirmei essa designação face ao questionário Pombalino de 1778, no qual o Vigário de Oleiros, já assim referencia a povoação
Fojo: Covil. Lugar ermo e matagoso, propicio ao acoitamento de feras.
Fórneas: Derivado de Furna: Lugar profundo e de acesso difícil.
Isna: limite a poente do território Egitaniense. Lisga: — Derivado de Nisga ou Nesga. Espaço profundo
Lontreira: (Latim). Lontra. Habitáculo de lontras.
Panasqueira: Terra de matos, pouco propícia à agricultura. Localização de pastos herbáceos e precoces.
Pedintal: (Latim). Originado de: Pé, Pedinte, Pedesta
Ladeiras: Declives suaves e suamendo:
Lisga: Derivado de Nisga ou Nesga. Espaço profundo
Lontreira: (Latim). Lontra. Habitáculo de lontras.
Panasqueira: Terra de matos, pouco propícia à agricultura. Localização de pastos herbaceos e precoces.
Pedintal: (Latim). Originado de: Pé, Pedinte, Pedesta, pode designar:
Pelomes: Local onde outrora, e numa fossa escavada na rocha, se tratavam as peles dos animais para proceder ao futuro curtimento.
Proença: (Latim). Província. Há 2.000 anos, eram assim designadas as zonas submetidas à administração Romana.
Tapadas ou Tapado: Terrenos vedados por muros. Terrenos, ou aldeias rodeadas por muros em socalcos. Muros em socalco, para melhor e mais fácil aproveitamento agrícola.
Vales: Depressão mais ou menos pronunciada, motivada pela ação erosiva das águas. Normalmente os locais assim designados, comportam ou referem no nome seguinte a característica específica, que melhor se lhes coaduna.
Tramelo: rapaz traquina
Trongalho: sujeito desajeitada ou desmazelada
Vale Lobo e Vale Coelho: Característica de Fauna.
Vale Choso: Característica Hidrográfica. Muitas nascentes.
Vale da Lousa: Onde as pedras xistosas são normalmente lajeadas e facultam ótimo material para ser aproveitado na cobertura de casas, túmulos, eirados, ou até para armadilhas e nas suas faces polidas facilmente se poder escrever.
Vale da Cuba: (Latim). Cumbo. Riacho com excecionais condições para a criação de barbos.
Várzea: Chã, normalmente de regadio, anexa a um curso de água.
Várzea do Bardo: Chã de redil ou local propício à criação de gado miúdo. Próximas a Curraldeira, o nome advém-lhe da aptidão pastorícia.
Várzea Longa: — Devido à extensão inicial da sua chã.
Fonte: Afonso, José Ribeiro. “BEIRA BAIXA – História, gentes e usanças – ISNA”. Edição de autor. Tomar 1983