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Parte II – Palavras oleirenses – Beirãs

Depois de um primeiro trabalho de pesquisa onde fui ao arquivo repristinar algumas palavras de antanho e outras que se perpetuaram no tempo – um trabalho sempre inacabado – hoje partilho mais algumas palavras de algumas pesquisas e de singelas colaborações que me fizeram chegar.

Recordo que: “Como ainda há muita gente viva importa resgatar, e acrescentar, a quem nos quiser apoiar.”

Amieiras ou Arneiras: Terrenos de matos. Lugares desertos. Ermos.

Azinhais ou Azinheis: Lugar de antigas matas de azinho.

Arroçais: Inicialmente Arrochais:Caminho íngreme, onde para transitar, era necessária o ajuda de arrocho ou travão.

Beringueira: Sítio onde se encontram bagas; medronheiro, cerejeiras, etc…

Besteiros: Terra lavrada com o auxílio de animais. Terrenos matosos, propícios ao acoitamento de feras. Lugares com condições adequadas para o desenvolvimento de certas plantas herbáceas, conhecidas por Erva Besteira ou Loborinho.

Bouça: Terra desbravada. Terreno com boas condições para a cultura do linho.

Brazinas: Terra inicialmente atribuída aos servos e por isso sujeita a imposto braçal.

Brejo: Terreno improdutivo e coberto de mato.

Cascalheira: Lugar onde se acumulam os calhaus arrastados pelas águas.

Cavadinha: Pequena cavada. Terreno fundo e facilmente arável, onde as sementeiras podem ser feitas simplesmente à base de enxada.

Cavala: Terreno plano e em sítio alto. Lugar de criação ou domesticação de cavalos. Zona alta, donde é fácil vigiar. Atalaia.

Cór: Derivado de Corga ou Córrego. É um designativo muito frequente na nossa região e que normalmente nunca aparece só. Por exemplo: Córjaninho, Cór de Seco, Cor de Budle, Cor de Pau, etc.. São todos topónimos derivados da necessidade de identificar certos locais, partindo de uma tipicidade comum; os Córregos, e aliando-lhe uma nova característica. Característica fundamentada ou na flora, como seja: Pau e Budle. No clima: seco. Na facilidade com que aí atua a erosão pluviométrica: Algar. Ou ainda do nome do seu primeiro dono: Janinho.

Corga: Terreno enladeirado e com caminho. Caminho ingreme e apertado.

Córrego: Regato ou corda de água despenhado de um ponto alto.

Cunqueiros: Do latim, Cunco, que na sua evolução gramatical, originou caçoila, vaso, cuco, etc. Podemos inferir, que pode significar lugar ou residência de louceiro; lugar de cuco. 

Curraldeira ou Corraldeira: Local onde usualmente se guarda ou apascenta o gado 

Fernão Porco: Dada a riqueza cinegética da região, que nos tempos medievos da Fundação e reconquista e posterior repovoamento, era constituída principalmente por lobo e javali, permito-me inferir, que o nome da povoação adveio de uma ocorrência notável, durante o desenrolar de uma caçada, na qual, um nobre ou pessoa importante de nome Fernão ou Fernando, aí abateu um animal de grande corpulência ou ferocidade. É um nome nitidamente medieval e confirmei essa designação face ao questionário Pombalino de 1778, no qual o Vigário de Oleiros, já assim referencia a povoação

Fojo: Covil. Lugar ermo e matagoso, propicio ao acoitamento de feras.

Fórneas: Derivado de Furna: Lugar profundo e de acesso difícil.

Isna: limite a poente do território Egitaniense. Lisga: — Derivado de Nisga ou Nesga. Espaço profundo

Lontreira: (Latim). Lontra. Habitáculo de lontras.

Panasqueira: Terra de matos, pouco propícia à agricultura. Localização de pastos herbáceos e precoces.

Pedintal: (Latim). Originado de: Pé, Pedinte, Pedesta

Ladeiras: Declives suaves e suamendo:

Lisga: Derivado de Nisga ou Nesga. Espaço profundo

Lontreira: (Latim). Lontra. Habitáculo de lontras.

Panasqueira: Terra de matos, pouco propícia à agricultura. Localização de pastos herbaceos e precoces.

Pedintal: (Latim). Originado de: Pé, Pedinte, Pedesta, pode designar:

Pelomes: Local onde outrora, e numa fossa escavada na rocha, se tratavam as peles dos animais para proceder ao futuro curtimento. 

Proença: (Latim). Província. Há 2.000 anos, eram assim designadas as zonas submetidas à administração Romana.

Tapadas ou Tapado: Terrenos vedados por muros. Terrenos, ou aldeias rodeadas por muros em socalcos. Muros em socalco, para melhor e mais fácil aproveitamento agrícola.

Vales: Depressão mais ou menos pronunciada, motivada pela ação erosiva das águas. Normalmente os locais assim designados, comportam ou referem no nome seguinte a característica específica, que melhor se lhes coaduna.

Tramelo: rapaz traquina 

Trongalho: sujeito desajeitada ou desmazelada

Vale Lobo e Vale Coelho: Característica de Fauna.

Vale Choso: Característica Hidrográfica. Muitas nascentes.

Vale da Lousa: Onde as pedras xistosas são normalmente lajeadas e facultam ótimo material para ser aproveitado na cobertura de casas, túmulos, eirados, ou até para armadilhas e nas suas faces polidas facilmente se poder escrever.

Vale da Cuba: (Latim). Cumbo. Riacho com excecionais condições para a criação de barbos.

Várzea: Chã, normalmente de regadio, anexa a um curso de água.

Várzea do Bardo: Chã de redil ou local propício à criação de gado miúdo. Próximas a Curraldeira, o nome advém-lhe da aptidão pastorícia.

Várzea Longa: — Devido à extensão inicial da sua chã.

Fonte: Afonso, José Ribeiro. “BEIRA BAIXA – História, gentes e usanças – ISNA”. Edição de autor. Tomar 1983

Autor

Gosta de sopa de massa com couves e feijão. Gosta, cada vez mais, de coisas simples e da mãe natureza.