Crónica

E eis que nos chega novembro

Depois do dia de mais uma hora, da semana em que chegou o cheque ou a transferência bancária de 125€, da noite das bruxas eis que nos chega o dia do pão por Deus, e um pouco por todo o lado é também o dia de visitar os mortos, sem esquecer de celebrar a vida, claro!

Discutiu-se também no universo digital se era melhor ou mais tradicional, ou mais legitimo, ou mais não sei o quê, que as crianças pedissem Pão por Deus, ou enchessem os sacos de guloseimas, numa importação anglo-saxónica pagã, mas de certeza demoníaca a que se chama Halloween, que celebra o início da estação fria e as últimas culturas do ano até que da penumbra se renasça na próxima primavera…a sério?! Assuntos tão importantes que certamente hão-de resolver os males do Mundo.

No país irmão, que fala Português com mel, o silêncio de quem perdeu as eleições tornou-se incómodo. Irónico no mundo de ruído, os descontentes com o resultado saíram para a rua. Falou depois, reconhecendo a derrota, se para uns é o renascer da esperança, para outros é o regresso à penumbra. Chamamos-lhe democracia!

O dia do terramoto que transformou a cidade de Lisboa fez anos, o dia em que metade da população da cidade estava dentro das Igrejas, coincidiu este ano com o dia em que numa das redes sociais muitos dos seus utilizadores perderam metade dos seus seguidores, parece que foi catastrófico, dizem. Se há coincidências nestas duas “religiões” não sei, mas deve haver, que isto está tudo ligado, também dizem. Mais ainda, quando uma das divindades do nosso tempo compra a rede social do passarinho azul. Caramba, bruxas dizem que há, coincidências, parece que não!

Em Lisboa repete-se a cimeira que traz o caos à cidade, dizem uns, melhor que este ano talvez não chova (escritas de véspera que se tornam imprecisas, hoje) ajudaria muito, outros preferem chamar-lhe privilégio, na realidade chama-se Web Summit, vieram a primeira-dama da Ucrânia e unicórnios.

Na Resina fazemos balanços do Eco-Festival, que aconteceu entre o final de setembro e se espraiou até outubro nos cinco Municípios do Pinhal Interior Sul, olhamos as fotografias do(s) que por ali se passou(ram) e consolidamos amizades e novas agregações, que isto de ser resina, cola mesmo, e temos agora memórias felizes de quem sonhou e fez acontecer!

E assim segue o Mundo, bipartido, dividido, e novembro ainda agora começou. Contrariando esta lógica, no domingo agregamos mais um resineiro, com vontade de fazer soar vozes de outros e destes tempos: bem-vindo Fernando Freire!

Autor

É inquieta, gosta de azuis, de estórias, de sons, de lugares, de pessoas com o coração no sítio certo, de ir e de regressar, de olhares e de afetos.